O que é e como usar acordes dominantes secundários?

O que é um dominante secundário?

Dominante secundário (ou dominante secundária) é qualquer acorde que  possui a função dominante sobre outro acorde do campo harmônico no qual estamos evidenciando, exceto o VII grau. Neste caso por exemplo o Bm7(b5) que é o VII grau do campos harmônico de Dó Maior..

Por exemplo, na tonalidade de Dó maior, o acorde dominante é G7. Se, nessa tonalidade, aparecesse o acorde A7, esse acorde seria um “dominante secundário”, pois é um dominante que resolve em Ré menor.  Repare que dominantes secundários não fazem parte do campo harmônico natural. Eles são acordes auxiliares, servem apenas para “preparar” uma cadência para algum outro grau do campo harmônico. Neste contexto em muitos casos podem levar a uma mudança de tonalidade.

O acorde dominante da tonalidade principal é chamado dominante primário ou dominante primária. Assim, todos os demais acordes do campos harmônico possuem sua própria dominante.

Podemos generalizar que, o principal meio de preparação de acordes no Sistema Tonal se fundamenta na ideia de que cada acorde pode ser precedido pelo seu acorde dominante correspondente, o qual se encontra a uma distância de 5ª justa ascendente.

Partindo deste princípio, encontraremos dentro do Campo Harmônico a possibilidade de preparação dos demais acordes do Campo harmõnico, diferentes do I grau, que já possui seu acorde dominante correspondente sobre o V grau da tonalidade. Estes acordes recebem o nome de Dominantes Secundários, uma vez que o acorde encontrado sobre o V grau é chamado de Dominante Principal, pois sua resolução se dá sobre o I grau da Tonalidade. Dá-se, nesse momento, a primeira possibilidade de expansão da progressão harmônica.

SCHOENBERG, Arnold. Tratado de Armonía. Real Musical. Madrid. 1974. p.199

Qual a característica principal de acorde de dominante secundário?

A terça do referido acorde do dominante secundário será a sensível para a tônica do acorde com que o dominante se relaciona. Vejamos o exemplo abaixo do campos harmônico de Dó Maior:

Como mostra o quadro acima, todos os acordes Dominantes Secundários foram representados por uma estrutural acordal maior com sétima menor. O uso da sétima, nestes acordes, se justifica pelo fato de termos escolhido o acorde de quatro notas, para representar a estrutura básica do acorde no presente estudo. Porém, para que estes acordes assumam a característica de dominante, necessitaríamos apenas da alteração feita às suas respectivas terças.

De acordo com o Campo Harmônico, estes acordes deveriam estar configurados em acordes menores, ao modificarmos sua estrutura básica, alteramos suas propriedades funcionais. Com exceção do acorde Dominante Secundário do IV grau. O acorde de preparação do IV grau já é um acorde maior em sua forma original – I grau do Campo. Para que ele assuma a função dominante, é necessário acrescentar a sétima menor ao acorde em detrimento da sua sétima maior. Ao promovermos este movimento melódico (sétima maior – sétima menor), atribuímos, ao acorde, características necessárias para que este assuma o papel de acorde dominante do IV grau.

Exemplo de dominante secundário

O dominante de Sol é D7. Assim, poderíamos ter a sequência | D7 | G7 | C |, onde D7 é o dominante secundário. Esse dominante também é chamado de “dominante do dominante“, já que serve de dominante para outro dominante. Em termos de nomenclatura, costuma-se utilizar a notação V7/ V7 para destacar que se trata de um dominante secundário para outro dominante (do quinto grau). Se fosse, por exemplo, um dominante secundário que prepara para o quarto grau, escreveríamos V7/ IV.

Ainda falando de nomenclatura, a título de curiosidade, o nome pode ser dominante “secundário” ou o feminino “secundária”, onde o termo secundária diz respeito a uma preparação, por isso o gênero feminino: preparação dominante secundária. Esse nome acabou pegando mais do que o masculino “secundário”. Mas isso pouco importa.

Como usar dominantes secundários

O conceito de dominante secundário já está claro. Agora vamos mostrar as implicações que esse conceito pode ter.

Como o dominante V7 está sempre uma quinta acima do acorde que ele vai resolver, podemos “brincar” com ciclos de quintas sucessivos. No caso anterior, tocamos D7 antes de G7, mas poderíamos também tocar A7 antes de D7 e E7 antes de A7, formando a seguinte sequência: | E7 | A7 | D7 | G7 | C |

Essa sequência é uma preparação atrás da outra, que resolveu só no final em Dó. Primeiro, E7 preparou para Lá, mas o Lá era com sétima, preparando para Ré, e assim sucessivamente até terminar em Dó. Esse tipo de progressão é muito utilizado no jazz. Como já vimos, tratam-se de “dominantes estendidos”, pois formam um ciclo de quintas (ou de quartas, dependendo de que lado você está olhando).

O conceito é simples, são apenas dominantes. Podemos improvisar em cima deles utilizando o modo mixolídio de cada dominante, ou as demais abordagens que estudaremos ainda (tópicos posteriores). Claro que essa improvisação nem sempre é fácil, pois essas passagens podem ser muito rápidas, o que dificultaria o solo. Por isso é importante treinar bastante em cima desse tema, afinal dominantes secundárias aparecem bastante nos estilos ricos harmonicamente (jazz, bossa nova, mpb, etc.). Quando analisarmos músicas completas aqui no site, pode ter certeza de que eles irão aparecer aos montes!

Abaixo um exemplo de uma obra musical contento vários Dominantes Secundários em sua composição:

Dominantes secundários no Modo Menor:

Em relação ao VII grau da tonalidade, a mesma observação feita ao modo  maior pode ser aplicada ao modo menor. Como este acorde assume a característica de acorde dominante sem fundamental, não possuirá um dominante secundário específico.  Além de criarmos novas possibilidades de encadeamentos ao preceder um acorde por seu dominante secundário, atribuímos a este acorde um maior grau de resolução, ou seja, fortalecemos o movimento harmônico e tonificamos o acorde Grau do Campo  Acorde
Dominante Secundário resolutivo. Dessa forma podemos, por um momento,
estabelecer um parentesco de dominante-tônica entre estes acordes, bem como nos valer do potencial harmônico destes graus, para além de modificarmos a cadência original, atribuir à estes acordes novas configurações harmônicas. Cada acorde Dominante Secundário introduz uma nota alterada na tonalidade. O conjunto de Dominantes Secundários, em um mesmo Campo Harmônico, possibilita a utilização do total cromático.


Porém, isso não significa que as notas alteradas possam ser utilizadas de maneira independente. Tais notas estão vinculadas ao movimento de preparação e resolução do acorde, assim sendo, funcionam como sensíveis de cada uma das notas da escala. No caso do D.S. do IV grau, a alteração é
a sensível modal da escala e sua resolução é descendente.

Neste sentido,  o uso de um acorde dominante secundário é um importante recurso de preparação e geração de movimento harmônico. Representa uma riqueza musical  para de nossos arranjos e todo trabalho musical. Assim, é de grande valia dedicarmos aos estudos deste importante recurso.

Abrangendo ainda mais nossos conhecimentos:

Podemos ainda incluir no processo uma cadência já conhecida e muito importante para o desenvolvimento da harmonia inserido na obra musical, evidenciando a famosa cadência II – V . Esta pode ser usada também quando se trata de Dominantes Secundários. É importante lembrar que, caso o acorde da resolução seja um acorde maior, a preparação obedece às características do modo maior, ou seja, o II grau se configurará um acorde menor com sétima menor. No caso de resolução em acorde menor, será mais bem representado por um acorde menor com sétima menor e quinta diminuta.  Abaixo um exemplo em Dó Maior: